Sabemos da rica história do Amaduscias no cenário underground brasileiro e, com certeza, todos da velha guarda do metal nacional conhecem a banda, mas, mesmo assim, fale um pouco como iniciou a banda? Formações? Álbuns? E apresente-nos a atual formação do grupo.
Evandro - O Amaduscias teve início de suas atividades no ano de 2001. A banda foi formada por Rodrigo Sardi, músico já experiente na época por ter passagem por outras bandas conhecidas do underground como Embalmed, Phantasmagoria e Centennial. O Amaduscias foi a minha primeira banda, desde sempre tivemos um ótimo entrosamento musical e ideológico que dura até os dias de hoje. A formação atual e digamos, melhor de todos estes anos, conta com Mauricio Taube (Helldog/Soul’of Fate) no baixo, Marcello Camargo (Decreptor/ Wor /Entherror) nos vocais.
O grupo ficou um longo tempo longe dos palcos e quando retornou apresentou um “novo” Amaduscias, mais voltado ao Death Metal, que ao Black Metal executado anteriormente e já anunciando novos materiais. A que se deve essa distanciada da banda dos palcos? E como você analisa essa “mudança” na sonoridade do grupo?
Evandro - O motivo do distanciamento foi em 2009, tivemos problemas com a formação. Estávamos fazendo bons shows e com material a ser gravado, sou produtor e possuo estúdio em casa, assim, a banda voltou a formação de início de carreira, ficamos apenas eu e o Rodrigo fazendo sons novos, remodelando, estudando cada um... isso levou tanto eu como Rodrigo a outro nível musical. No início a banda começou fazendo um som mais ríspido, direcionado ao Black Metal, porém sempre buscamos evoluir a nossa musicalidade e fomos cada vez deixando o som mais brutal e pesado, de forma natural, mais focado no death metal. Hoje com a formação que temos nosso vocalista Marcello Camargo não está limitado, também canta tanto Black Metal quando death metal, isto deixa o som mais amplo, diversificado, também tenho como amigo além de integrante o Mauricio Taube que é um baixista acima da média e de quebra, o melhor baixista que já pude ter a honra de tocar junto, o cara toca mesmo! Pela primeira vez tenho segurança em um baixista que tanto em estúdio, como ao vivo, manda ver! O resultado do que estou falando já esta sendo finalizado em forma de músicas, que estão em processo final de gravação e mixagem.
Falando do novo álbum, existe algum objetivo musical definido que queriam seguir na composição do “Conceived Annihilation”?
Evandro - Objetivo é passar uma mensagem realmente clara, que é a banda fazer um trabalho bem produzido em todo os sentidos, desde letras, músicas, timbres, capa... falo isso porque busquei fazer um som que seja brutal e ao mesmo tempo pesado, death metal, com elementos variados de outras vertentes do metal extremo.
Como comparam o resultado final, “Conceived Annihilation”, com os lançamentos anteriores da banda?
Evandro - Não tem comparação, porque é o tão sonhado “álbum oficial”, é uma questão de honra este material, é resposta de nosso trabalho tantos anos de luta e batalha. Temos vários lançamentos, mas álbum oficial é primeiro (de muitos!).
Em termos de letras, tiveram alguma preocupação, ao longo do processo de composição do disco?
Evandro - Não digo preocupação, apenas mantive o mesmo direcionamento que temos como base desde o início da banda, o som evolui para mais vertentes do metal extremo, mas a parte ideológica é a mesma, voltei a falar de uma forma mais próxima a nossa demo, os nomes são referencias a acontecimentos relatados em revoluções aqui no Rio Grande do Sul e fatos de época, mesmo não classificado como um álbum conceitual há novamente uma ligação entre capa e as letras. A capa está sendo desenhada em cima do que a letra da música que leva o título do álbum “Conceived Annihilation” está relatando, estamos trabalhando novamente com a artista plástica Vanessa Arendt, que também desenhou para nós a capa de “War and Conflicts”.
Como funciona a composição do grupo? Quando alguém traz uma ideia musical, é geralmente aceita ou existem discussões?
Evandro - Processo é bem tranquilo, eu crio os riffs de guitarra, já em tempo de metrônomo, pensando também nas linhas de vocais, estes muitas vezes gravo antes como pré-produção e assim posso definir os tempos dos riffs e duração das músicas. Dessa forma passo para o Rodrigo criar a bateria no estúdio que ele tem em casa, depois reunimos bateria e guitarra, definindo o som, na sequência os demais integrantes trazem suas ideias fazendo a “cola” de tudo. Ideias sempre são bem-vindas e aceitas, dentro da proposta, é claro! Está sendo muito prazeroso trabalhar com a atual formação, espero que possamos ainda passar muitos anos assim, juntos ainda temos muito a evoluir!
É mais fácil ou mais complicado trabalhar sob um padrão musical bem definido como o death metal (sabendo que lá no início o Amaduscias “pendia” mais para o Black Metal)?
Evandro - Não tem muita diferença, apenas tenho cuidado de estudar os timbres de cada instrumento. Quando se evolui para outras vertentes do metal se busca novos timbres e massa sonora, no mais é bem tranquilo. Algumas coisas que foram usadas no passado hoje já não fecham com o direcionamento do Amaduscias, não podemos misturar muito as coisas e sim buscar sempre caminhar para frente, respeitando o momento atual que estamos passando, no caso, Death Metal.
Quais são as expectativas da banda para o álbum, em termos de repercussão, o que a banda poderá alcançar com ele?
Marcello Camargo - Estamos com uma excelente expectativa. As músicas têm consistência, peso e extremismo como buscamos. Procuramos, ao máximo, uma identidade própria para o Amaduscias, e acho que estamos conseguindo esse intento. A produção a cargo do Evandro está indo muito bem e, portanto, acho que o resultado final agradará a todos. Pelo menos, é o que esperamos.
Quais são as maiores influências musicais dentro e fora do death metal? Até que ponto se deixam influenciar?
Evandro - As minhas influências são Krisiun, Rebaelliun, Mental Horror, Nephasth, Exterminate, Emperor, Marduk, Nevermore, Decapitated... mesmo tendo várias influências, na hora de compor não busco soar na linha de nenhuma banda especifica, tento focar e trabalhar de forma séria como estas bandas citadas, esta é a maior influência, além do som das mesmas, é claro.
Marcello Camargo - Todos na banda ouvem e influenciam-se em diversos estilos dentro do Metal principalmente. É claro que, essencialmente, os gêneros mais extremos forjaram nossa base como banda, e formações como Krisiun, Rebaelliun, Morbid Angel, Hypocrisy foram e são parte disso; até mesmo o Black Metal faz parte do background da banda lá nos seus primórdios, e falando por mim, ainda busco algo dele para pôr no Amaduscias. Enfim, o Metal Extremo de uma forma geral é fonte de inspiração para nós, mas hoje em dia o Death Metal é o ponto principal de nossa música.
Existem planos para algum clipe, ou turnês?
Marcello Camargo - Sim, recentemente assinamos com a Sangue Frio Produções com o intuito de levar o nome do Amaduscias a pessoas e lugares aos quais ainda não chegamos. Queremos ter uma divulgação e abrangência maiores. Queremos espalhar o Death Metal feito no extremo sul do Brasil ao maior número de Headbangers possíveis. Para tanto, estamos buscando tratar a banda da forma mais profissional e dedicada possível, e nisso inclui promovê-la com vídeos, shows ou mesmo turnês.
Na opinião de vocês, como está atualmente a cena extrema do Rio Grande do Sul?
Marcello Camargo - A cena gaúcha sempre foi bastante forte, haja vista os nomes que já deu ao mundo e continua dando. Lá atrás nomes como Leviaethan, Sacrario, Panic e pouco depois Krisiun ajudaram a forjar o Metal no Rio Grande do Sul. Percebo que as bandas estão bastante preocupadas em fazer um bom trabalho, de forma profissional e dedicada, o que as engrandece e torna a cena consistente. Também o fato de um bom número de festivais Underground estarem acontecendo pelo Estado, ajuda a movimentar o pessoal, incentivar mais produtores e dar opções ao público, muito embora este ainda esteja abaixo do ideal em muitos lugares. Mas há que se compreender, também, a crise por que passa o país e seus desdobramentos. A vinda de shows gringos nos últimos anos de certa forma pôs o estado no circuito, o que também é muito válido.
Evandro - Em termos de bandas temos muito do que nos orgulhar com o nível e profissionalismo que temos com alguns nomes conhecidos tanto no RS como no mundo posso citar o Exterminate, DyingBreed, Burn The Mankind, Patria, Movarbru, Abate Macabro... já em termos de shows e festivais a eventos muito bem organizados e com infraestrutura boa porem outros nem tanto acredito que seja normal até pelas condições financeiras que se encontra no Estado em especial.
Deixamos aqui espaço para as considerações finais. Muito obrigado pela entrevista.
Amaduscias - Queremos agradecer ao Chama do Metal pela oportunidade de mostrar nossas ideias e objetivos. O underground precisa mais e mais de espaços para que as bandas possam mostram um pouco o seu trabalho. Temos um grande número de bandas excelentes Brasil afora, mas que às vezes não tem oportunidade de exposição. Portanto, reiteramos nosso total apoio ao Chama do Metal e que tenha vida longa. Um abraço a todos e mantenham-se EXTREMOS.
FORMAÇÃO:
Marcello Camargo – vocalista
Evandro Pinheiro – guitarrista
Maurício Taube – baixista
Rodrigo Sardi – baterista
Contato para shows e assessoria: www.sanguefrioproducoes.com/contato
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